sábado, 4 de julho de 2009

TERNURA

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos.
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indivizível dos teus passoseternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
nem as misteriosas palavras dos véus das almas...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixe que a mão cálida da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

Vinícius de Moraes

Nenhum comentário:

Postar um comentário